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quarta-feira, 1 de março de 2017

Sonoridade, movimento e identidades indígenas

Extrato de Warfare and shamanism in Amazonia, de Carlos Fausto:

Um das impressões mais fortes que retenho da relação entre o velho e o novo é o contraste entre o visual e o auditivo. Logo depois do contato [nos anos 70 e 80], os Parakanã abandonaram suas marcas corporais distintivas (corte de cabelo e adorno labial), substituindo-os com roupas e bonés. Eles também adotaram novos objetos: rifles e panelas de alumínio, sem falar em machados e facões. Eles pararam de construir uma casa comunal única e levaram anos tentando persuadir a Funai a construir para eles casas retangulares com paredes de tábua, chão de cimento e telhados de compensado. No entanto, quando a noite cai e apenas as silhuetas das pessoas podem ser distinguidas, palavras faladas ou cantadas preenchem um espaço antes inimaginável. Foi então que alimentei meu desejo de ver um mundo diferente de minha própria realidade cotidiana.

Muitos daqueles que trabalharam com povos Tupi-Guarani provavelmente tiveram essa experiência. Sua resiliência cultural não é investida em marcas espaciais ou corporais, mas principalmente na fala, música e dança. A valorização do universo auditivo contrasta com certa desatenção pelo visual. As formas através das quais pessoas e coisas são mostradas não são objeto de nenhum forte investimento emocional ou prazer estético. Isso frequentemente aborrece visitantes brancos, esperando um encantado mundo visual e comunicação fácil em português, duas coisas que os Parakanã não podem oferecer. Consciente disso, me esforcei para aprender a língua e as canções e para participar de rituais sempre que possível. Esse foi meu ponto de entrada na vida Parakanã: dançando e cantando para homens, mulheres e crianças. Embora minhas performances não fossem mais que toleráveis, as pessoas sempre eram generosas em seus julgamentos.

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