Newsletter

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Oficina de Clio - Newsletter

Inscreva-se na newsletter para receber em seu e-mail as novidades da Oficina de Clio!

Nous utilisons Sendinblue en tant que plateforme marketing. En soumettant ce formulaire, vous reconnaissez que les informations que vous allez fournir seront transmises à Sendinblue en sa qualité de processeur de données; et ce conformément à ses conditions générales d'utilisation.

domingo, 27 de outubro de 2013

Tempo e medo

Interessante passagem do romance Menino de lugar nenhum (Black Swan Green) de David Mitchell, situado na Inglaterra em 1982, que nos lembra que até nossos medos são datados. Também nos lembra o quanto adolescentes ocidentais do sexo masculino costumam ser idiotas...

"Por algum motivo, o assunto mudou e virou 'a pior maneira de morrer'.

Ser mordido por uma mamba verde - opinou Gilbert Swinyard. - É a cobra mais mortal do mundo. Os órgãos explodem e o mijo se mistura com o sangue. Pura agonia.

-Pura agonia, sim - fungou Grant Burch -, mas você morre bem rápido. Quer saber o que seria pior? Ter a pele arrancada como se fosse uma meia. É isso que os índios apaches fazem com você. Os melhores levam uma noite inteira pra fazer isso.

Pete Redmarley contou que tinha ouvido falar de um tipo de execução vietcongue. - Eles tiram sua roupa, amarram você e enfiam queijo processado no seu rabo. trancam você num caixão que tem um cano.  botam uns ratos esfomeados dentro do cano. Os ratos comem o queijo todinho e depois continuam mastigando você por dentro.

Todo mundo olhou pro Tom Yew, esperando uma resposta. - Tem uma coisa que eu sempre sonho - ele demorou um século pra dar uma tragada no cigarro. - Eu estou com o último grupo de sobreviventes depois de uma guerra atômica. A gente está caminhando por uma estrada. Não tem carro nenhum, só mato. Toda vez que olho pra trás vejo menos gente. A radiação vai pegando um por um. - Deu uma olhada pro Nick, o irmão dele, e depois pro lago congelado. - Não é morrer que me incomoda. O problema é saber que eu vou ser o último.

Ninguém falou nada por um tempinho.

Ross Wilcox chegou perto da gente. Levou um século pra dar uma tragada no cigarro, cheio de pose. - Se não fosse o Winston Churchill, todos vocês iam estar falando alemão.

Ah, claro. Como se Ross Wilcox tivesse alguma chance de evitar ser capturado e liderar um grupo de resistência. Morri de vontade de falar pra aquele tapado que, na verdade, se os japoneses nunca tivessem bombardeado Peal Harbour, os Estados Unidos nunca teriam entrado na guerra, a Grã-Bretanha teria passado fome até se render e Winston Churchill teria sido executado como criminoso de guerra. Mas eu sabia que não podia fazer isso. Tinha uma coleção inteira de palavras traváveis nisso tudo e naquele janeiro o Carrasco andava bem impiedoso. Aí eu falei que ia dar uma volta pra mijar, me levantei e caminhei um pouco pela trilha que levava até a vila. -Ei, Taylor! - berrou Gary Drake. - Se você sacudir o pinto mais de duas vezes, já virou sacanagem! - Isso fez Neal Brose e Ross Wilcox morrerem de rir. Fiz um sinal da vitória com os dedos sem nem me virar pra trás. Esse papo de sacudir o pinto é a mania do momento. Não confio em ninguém a ponto de perguntar o que significa".

Nenhum comentário: