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domingo, 13 de novembro de 2011

Impressões sobre a ocupação da USP

De saída aviso que não pretendo aqui defender nenhum dos lados, nem discutir qual dos dois tem ou não razão. Nenhuma simpatia para com os estudantes nem para com as forças do governo. Tampouco pretendo falar da mídia tendenciosa mais do que já se falou ou seria possível falar. Pelo contrário, pretendo situar essa discussão num nível "metapolítico", propor o problema, não a solução; esta é uma simples provocação. Como assim?

Vamos direto ao ponto: o que mais tem me chocado ultimamente no Brasil, particularmente nesse caso, é a superficialidade do debate político articulado em nosso país. E não só pela grande mídia, mas pelas pessoas em geral. E digo mais, não pelo "povão" pouco instruído. Esses, infelizmente fazem o que podem, dentro das possibilidades que sua parca educação lhes faculta. O que me incomoda é ver pessoas com considerável grau de instrução expressando opiniões constrangedoras por sua superficialidade.

O que vi no caso USP foi uma polarização em torno de heróis e vilões. Os estudantes eram maconheiros ou paladinos da democracia, sem meios termos. Por sinal, achei a atuação desses estudantes patética pela inabilidade de articular um discurso que fosse muito além do brado em torno de palavras de ordem que já se tornaram verdadeiros clichês políticos em nossa sociedade, como "cidadania", "liberdade" ou "democracia". Por sinal, "Democracia" me parece a mais bela palavra inventada pelo léxico ocidental. No entanto, anda tão gasta, enxovalhada, surrada, que não diz muita coisa; o termo parece ter se tornado moedinha de cinco centavos, circula muito, valendo pouco. Que "democracia" é essa que todos almejam? Por outra, será que todos almejam a mesma "democracia"? Brevemente pretendo desenvolver melhor essa ideia em outro texto.

Voltando ao tema central, acho que o discurso político no Brasil, quiçá no mundo, conservador ou radical, sofre de anemia hoje. O debate se resume a uma fina casca, com uma polpa pouco suculenta. Espremido, rende pouco. Parece-me que, cada vez mais, na "era das imagens", a polêmica se resume a slogans, grafitados em muros ou compartilhados em redes sociais. Discussão política de verdade não se faz (apenas) com slogans e ideias baratas jogadas num vídeo de Youtube. Precisamos ir além dos moralismos e sensacionalismos políticos banais e piegas. Afinal de contas, como já dizia uma frase muito espirituosa cujo autor não lembro agora, "nada mais perigoso que um idiota com iniciativa"...

2 comentários:

Rogério Marques disse...

Compartilho do aparente ceticismo em relação ao suposto teor ideológico dos estudantes. Nós que conhecemos bem a complexa e diversificada fauna universitária sabemos o quão contraditória e deslumbrada ela pode ser com todas as suas fracas certezas.

Bem colocado a crítica em relação à superficialidade do discurso político no Brasil. Este resumido à jargões e palavras de ordem dos tempos do Manifesto Comunista. No entanto, vou além e digo que vai além do político. Qualquer tipo de discussão nesse país é superficial e rasa.

Rogério Marques disse...

Essa postura hollywoodiana em tratar tudo a partir dessa dicotomia ingênua de bem e mal parece ter doutrinado os meios de comunicação e as pessoas em geral.

"Por sinal, "Democracia" me parece a mais bela palavra inventada pelo léxico ocidental. No entanto, anda tão gasta, enxovalhada, surrada, que não diz muita coisa; o termo parece ter se tornado moedinha de cinco centavos, circula muito, valendo pouco". Muito bom!