Curioso relato de um amigo retratando um bucólico momento do cotidiano carioca
Acabo de passar por uma fascinante experiência almoçando em um restaurante numa mesa ao lado de um casal de policiais, aparentemente de folga, assistindo e comentando (em voz média) o noticiário do RJTV.
Durante a reportagem sobre uma onda de assaltos em Copacabana, a policial começou reclamando que agora vai ter que ir todo mundo pra Copacabana "só por conta desses trombadinhas mortos de fome que não conseguem ficar sem roubar pra cheirar e fumar uma porra de um dia." - sendo prontamente apoiada pelo parceiro, que faz o importante complemento: "mas vai a gente endurecer pra esses merdas pra ver o que acontece? É só sumir 2 ou 3 desses cracudos que no dia seguinte tem ONG fazendo protesto no Jornal Nacional." Talvez emocionada com o apoio do conje, a policial arremata que "Resolver isso aí é fácil, mas se acabar a bandidagem vai ter muito playboy filho de artista sem emprego".
As coisas se acalmam, voltam a comer mais tranquilamente, mas aí começa uma reportagem mostrando diversos PMs distraídos ao celular em turnos de patrulha. Aí já foi demais... Ela, indignada, reclama: "Agora é o que faltava... Querem que a gente fique de prontidão por cinco, seis horas, sem fazer nada!! Esse pessoal acha mesmo que a gente tem obrigação de resolver os problemas dessa merda de cidade?!" Fala forte, devidamente complementada pelo amado: "O problema é que a gente não pode dar um apavoro nesses jornalistazinhos de merda. O endereço deles todo comandante tem, mas ninguém tem coragem pra dar a ordem. Por isso que a gente é desrespeitado. Vê se nos EUA alguém enquadra policial desse jeito?!"
Já se preparando pra irem embora, a conja solta um "Essa cidade acabou. Tem mais jeito, não. Aqui, bandido é herói e policial é vilão."
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Toda distopia é a utopia de alguém... |