Tendo a crer que tanto petismo quanto bolsonarismo se tornaram vícios, em muitos sentidos do termo. No entanto, há considerável diferença; tomando especificamente a dependência química como analogia, o petismo seria como a cachaça e o bolsonarismo seria algo tão grave quanto o crack.
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
terça-feira, 9 de agosto de 2022
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
A verdade sobre Hitler
Saindo hoje de minha escola chamei um táxi. O motorista, muito simpático, indagou se era professor e que disciplina lecionava. Quando respondi que leciono História ele disse adorar o tema e disparou uma pergunta a queima-roupa:
"Hitler morreu no bunker ou não?"
Um tanto ressabiado, respondi que, ao que tudo indica, sim, Hitler morreu em um bunker. "Isso é o que quase todo mundo pensa", retrucou o taxista, em tom sapiencial, logo encetando uma verdadeira aula sobre o tema.
Resumidamente, Hitler teria fugido através de uma passagem secreta e fugido de submarino (!) para a Argentina, tendo antes passado pela Sardenha e pela Espanha, onde teria sido temporariamente abrigado pelo regime franquista.
Um tanto constrangido, comentei que há muito tempo circulam boatos sobre uma possível fuga de Hitler para a América do Sul, ao que o motorista atalhou bruscamente - não se tratava de rumor, mas de puríssima verdade comprovada por uma série de documentários do History Channel.
Fui a seguir bombardeado por uma série de fatos bombásticos revelados pelas séries do canal.
Os nazistas desenvolveram a bomba atômica, mas, por razões desconhecidas, não chegaram a utilizar na guerra; trazida para a Argentina (no submarino?), os nazistas refugiados na América do Sul intentavam lançar a bomba da Colômbia a Nova York, mas foram impedidos pela CIA.
Hitler era um ocultista e enviou expedições em busca de poderosas relíquias como a Arca da Aliança (como bem sabia Indiana Jones).
A Coca-Cola é fabricada com cocaína traficada diretamente da Bolívia (sem nenhuma relação aparente com o nazismo).
Etc etc etc.
Percebendo que nenhum argumento poderia sequer contradizer as comprovadíssimas revelações dos peritos do History Channel, me resignei a ouvir em silêncio; conter o riso já era em si um esforço colossal.
Embora cômica, a experiência foi um tanto inquietante. É perturbador perceber o modo como um verdadeiro bombardeio de informações inverossímeis e sensacionalistas leva uma pessoa articulada, escolarizada e (aparentemente) sã a crer, com imperturbável convicção, nas coisas mais estapafúrdias. Como educador, me pergunto o que podemos fazer para combater efetivamente esse pernicioso estado de coisas. Valei-nos, São Sócrates de Atenas!
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
Fabricantes de Mitos
"Nós criamos nosso mito. O mito é uma fé, uma paixão. Ele não precisa ser uma realidade. Ele é uma realidade no sentido de que é um estímulo, é esperança, é fé, é coragem. Nosso mito é a nação, nosso mito é a grandeza da nação! E a esse mito, essa grandeza, que queremos traduzir em uma realidade total, nós subordinamos todo o resto. [...] No fundo, [o Fascismo] é um nacionalismo apaixonado".
Benito Mussolini, 1924