Serei bem honesto e apresentarei argumentos que me parecem razoáveis. Martha Rocha não é a candidata de meus sonhos, mas é nela que votarei, pelas seguintes razões:
1) A política, como se sabe, é a "arte do possível". Na conjuntura crítica que vivemos no Rio de Janeiro, não me parece cabível votar simplesmente para "marcar posição". A bem dizer, nenhuma das candidaturas presentes me agrada plenamente, mas se faz necessário apostar em uma candidatura viável, capaz de enfrentar Paes ou Crivella no segundo turno.
2) Já passamos oito anos com Paes e quatro com Crivella - doze anos desastrosos, com investimentos injustificáveis para eventos efêmeros como a Copa e as Olimpíadas, seguidos por uma administração ineficaz, cujo "feito" mais visível é a mortandade pandêmica por gestão sanitária de competência duvidosa. Não faz qualquer sentido passar mais quatro anos com qualquer deles dois. Precisamos dar chance a alguém novo no cargo.
3) O programa de governo de Martha Rocha está longe de ser perfeito (mesmo porque a perfeição não é deste mundo), mas me parece consistente e viável. Sua trajetória política pregressa não me parece brilhante, mas tampouco repugnante. Depois de doze anos castigado por Paes e Crivella, o Rio não precisa de uma gestão maravilhosa, apenas de um mandato suficientemente bom para recuperar os estragos passados e entregar a cidade um pouco melhor em 2024. Como se diz, o ótimo é inimigo do bom - e a simples perspectiva do bom já parece ótima diante de tudo que temos passado.
4) Sem entrar nos méritos e deméritos pessoais de Benedita da Silva, Renata Souza ou Bandeira de Mello, me parecem candidaturas com poucas chances de passar para o segundo-turno ou de vencê-lo. A candidatura de Benedita me parece particularmente problemática, pois se trata de "figurinha carimbada" na política fluminense, com alto índice de rejeição. Além disso, o próprio PT também se encontra em seu pior momento eleitoral, com elevadíssimos índices de rejeição. Levar Benedita ao segundo turno, tendo a crer, é conceder vitória certa a seu opositor. Martha Rocha, ao contrário, é figura menos desgastada, com baixo índice de rejeição, o que torna possível, e até provável, que derrote Paes ou Crivella no segundo turno.
5) Votar em Martha Rocha não significa conceder carta branca à candidata. A cidadania não acaba nas urnas. É necessário acompanhar e cobrar. Votarei nela, mas, caso eleita, estarei entre os primeiros a criticar quaisquer medidas que me pareçam inadequadas. O exercício da cidadania implica sempre na vigilância dos mandatários eleitos.
NOTA ADICIONAL
Para vereador, pretendo votar novamente em Tarcísio Motta, que já elegi em 2016. Acompanho de perto e estou muito satisfeito com a atuação de Motta no legislativo carioca. Tem atuado de modo competente na Comissão de Educação e também desempenhou papel relevante na CPI das Enchentes e na CPI dos Ônibus - nas quais, infelizmente, ficou isolado. Não sou militante partidário, e tenho várias ressalvas quanto ao conjunto da bancada do PSOL na Câmara dos Vereadores, mas acho que realizaram um papel importante de oposição aos desmandos do Poder Executivo nos quatro anos. Quero crer que Tarcísio e seus colegas de bancada realizarão um bom trabalho, independentemente de qual prefeitável venha a ser eleito. E, da mesma forma, cabe cobrar de nossos vereadores eleitos que também cumpram seu papel da melhor maneira possível.
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