05/05/2016
Caros diretores,
Não pertenço a nenhum grupo de
“oposição”; falo apenas em meu nome, mas acredito que muitos outros colegas
concordarão ao menos com algumas de minhas opiniões e sugestões. Meu texto pode
parecer duro, mas asseguro que a intenção é conciliadora, e que minhas críticas
trazem propósito construtivo.
Ao que tudo indica, nossa greve será longa
e desgastante. É quase natural que nesse processo emerjam discordâncias e
desavenças, que põem em risco o andamento do movimento e a própria subsistência
de seus participantes (como sugere nosso último contracheque).
Nessas condições, uma direção sindical efetivamente democrática deve priorizar,
antes de tudo, o amplo diálogo com a
base – afinal de contas, o que se pode esperar de uma direção sindical que não
ouve à base e não mostra empenho em corresponder aos anseios manifestados pelos
grevistas? Somente através de um diálogo amplo e de uma postura conciliatória a direção poderá oferecer aos servidores em
greve condições de desenvolver um movimento coeso e consistente,
capaz de atingir conquistas trabalhistas efetivas e plenas.
Até aqui, não temos visto tal conduta
por parte da direção do SINDPEFAETEC. Pelo contrário, os diretores vêm adotando
uma postura intransigente e autoritária, que em lugar de dirimir conflitos e
evitar tensões, as tem constantemente exacerbado, resultando em assembleias
excessivamente longas e, principalmente, conflituosas, inspirando pouca
confiança à categoria num momento de greve, que é sempre delicado. Quando a
direção monopoliza o microfone, apenas as vaias sobram à categoria -
infelizmente.
Afirmo, muito pessoalmente, que essa
situação me deixa desanimado, desesperançoso e descrente quanto aos prováveis
resultados de nosso movimento.
Como servidor e grevista, me sinto no
dever de COBRAR da direção do sindicato, em particular dos condutores das mesas
durante as assembleias uma postura mais
democrática, aberta ao diálogo e respeitosa às deliberações dos grevistas
reunidos em assembleia. Enfim, QUEREMOS MAIS DIÁLOGO.
Uma das principais reivindicações da
categoria tem sido pela participação de representantes da base AO LADO da
direção durante o processo de negociação. Me parece uma demanda justa, legítima
e democrática, que tende a aumentar
a representatividade trabalhista. Pelo contrário, a defesa intransigente e
inflexível de uma determinada intepretação
do estatuto por parte da direção sindical contra essas demandas tende apenas a
exacerbar os conflitos e atrapalhar o já complicado andamento da greve. Ao
menos, me parece, essa situação merece ser discutida com franqueza; creio
sinceramente que o acolhimento
dessas demandas por parte da direção ajudaria a dirimir tensões e superar
impasses, ao mesmo tempo ampliando a confiança dos grevistas no movimento.
Imagino que ganhamos muito mais que perdemos com a constituição de uma comissão
de negociação ampla, representativa e democrática. Pouco importa o nome que se
dê a esse arranjo – pode até ser “comando de greve” (ou não).
Nossa greve pode e DEVE ser diferente do
que tem sido até agora. Espero, sinceramente, que a direção do sindicato
consiga adotar outra postura, viabilizando a resolução de nossos conflitos
através do diálogo e da conciliação, de modo a construir um movimento grevista democrático,
participativo e capaz de trazer efetivas mudanças e melhorias aos servidores e
estudantes da rede FAETEC.
Cordial e respeitosamente,
Prof. Luiz Tavares
E.T.E. Visconde de Mauá
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