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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Bolsonaro e a guerra aos mortos

Reza a lenda que certo cortesão do mui-católico imperador Carlos V lhe sugeriu em certa ocasião que abrisse a sepultura de Martinho Lutero e profanasse os restos mortais do reformador.

Diante da grotesca sugestão, Carlos V teria respondido muito cavalheirescamente: "Eu não faço guerra aos mortos". É difícil saber a veracidade dessa história, mas a moral da anedota é muito simples: gente civilizada respeita os mortos e o luto, por mais execráveis que lhe pareçam os defuntos.

O respeito diante da morte, da doença e da dor do adversário é uma das linhas que demarca a fronteira entre a civilidade e a barbárie.

Hoje, com suas grotescas, imorais e indecorosas insinuações acerca do falecido pai do atual presidente da OAB, o Sr. Jair Messias Bolsonaro confirma mais uma vez sua vocação para a selvageria.

O triste episódio lembra certa reflexão do historiador conservador Christopher Dawson:

Um valentão pode ser melhor [na guerra] que um intelectual, mas uma sociedade dominada por valentões não é necessariamente uma sociedade corajosa; é mais provável que seja uma sociedade desintegrada e desordenada. 

Temos hoje um "valentão" como presidente, acompanhado no poder por muitos outros "valentões" da mesma estirpe. As circunstâncias exigem de todos os brasileiros de bom-senso, independentemente de suas convicções políticas, a coragem e a firmeza de caráter para não ceder à imensa tentação de responder às provocações dos "valentões" com a mesma truculência.

Não podemos entrar no jogo dos "valentões", pois o resultado final desse jogo significa o naufrágio da democracia, da república e da própria sociedade. Se nos tornamos bárbaros a pretexto de combater a barbárie, passamos a ser parte do problema, e nos afastamos da solução.

Não se apaga um incêndio com querosene. A brutalidade só pode ser efetivamente superada pela inabalável mansidão. Mas como é duro tal desafio...


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