Recentemente tenho constatado a imensa quantidade de funcionários públicos bajuladores nas mais diversas redes sociais, dispostos a tecer os mais rasgados e patéticos elogios a pessoas que ocupam cargos comissionados na administração pública.
É um campo de observação muito interessante para aqueles que estudam a Idade Moderna, revelando curiosas (e desconcertantes) permanências culturais. Tal postura lembra muito a subserviência engendrada pela economia das mercês, embora de modo tão caricato que chega a ser risível.
Aliás, a situação me remete a certo artigo de Bouza Alvaréz a respeito do papel da correspondência epistolar na Idade Moderna para formação de redes clientelares, facultando a aproximação a potenciais benfeitores. Cabe a ressalva de que à época o contexto social era muito diferente do nosso, tornando necessário a pessoas dignas participar de tais engrenagens. Fazia sentido nas monarquias de Antigo Regime; numa república democrática, é mostra de pusilanimidade. Acho lamentável ver funcionários públicos concursados agindo de modo tão servil.
Os meios agora são outros, a bajulação é eletrônica, mas as pessoas sórdidas continuam as mesmas...
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