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sábado, 25 de setembro de 2021

Sobre a "ocupação" da BOVESPA pelo MTST

Essa semana o MTST "ocupou" a BOVESPA em protesto contra o desemprego, a carestia, a miséria e as profundas desigualdades sociais no Brasil. Segundo as lideranças do movimento, seria uma maneira de fazer ouvir a voz do povo no maior reduto de especuladores financeiros e rentistas no Brasil. Houve quem saudasse o acontecimento como a irrupção do "Brasil Real" na fortaleza da alta finança - óbvio exagero triunfalista.

Não sou contra o protesto, em si, mas não sei se o timing foi bom. Justamente em um momento em que várias entidades ligadas ao mercado estão se manifestando pela democracia e contra Bolsonaro, acho que não foi o instante mais oportuno. Prioridades precisam ser pensadas de acordo com as circunstâncias. Cultivar antagonismos nunca é bom e, em um contexto de acentuada tensão social, pouco contribui para a superação da crise que vivemos. 

Qualquer ação pública precisa ser pensada em termos do impacto intentado. Atos que pregam aos convertidos e geram ruído para com os que estão "de fora" só agravam o isolamento político da esquerda em um momento em que se faz essencial construir pontes.

Há que se levar em conta que vivemos em um país de mentalidade muito conservadora (mais no sentido social que político) e há muita gente apavorada com o "bicho-papão" do comunismo. Não faltou quem, nas redes sociais, identificasse o MTST como "braço terrorista" (sic) do PSOL. 

Vivemos em uma sociedade em que políticos de extrema-direita podem vociferar as piores grosserias e barbaridades sem causar grande comoção, mas em que um protesto pacífico por parte da esquerda logo ganha ares de "ato terrorista". Essa falta de critério - ou melhor, esse critério distorcido - é certamente lamentável, mas é um dado cultural de nossa sociedade com o qual se faz necessário lidar com ponderação e sobriedade.

Esse tipo de protesto satisfaz certo público de esquerda, mas não contribui para um diálogo mais amplo com outros setores da sociedade brasileira - setores muitas vezes desdenhados como "pobre de direita", "classe mérdia" e por aí vai. 

É o eterno problema de boa parte da esquerda brasileira, que se preocupa mais com a perpetuação de uma estética supostamente revolucionária que com a viabilização de programas políticos.

Guilherme Boulos, liderança mais destacada do MTST, me parece um sujeito bem-intencionado, bem articulado, mas muito dado a exageros retóricos que me soam contraproducentes. Alguém que chegou ao segundo turno nas eleições para prefeito da maior cidade do Hemisfério Sul precisa ser mais cuidadoso em suas estratégias de comunicação com o público. Para bem ou para mal, Boulos conquistou uma posição de grande visibilidade na política nacional, e é de se esperar que adquira mais sagacidade política do que tem demonstrado até agora. 

A esquerda brasileira, definitivamente, precisa abandonar a mentalidade de DCE para encontrar meios mais amplos de diálogo com a sociedade brasileira, em toda sua complexidade. O Brasil não se reduz a hashtags e slogans.

Cada vez que alguém usa o termo "burguesia" morre uma fada...



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