Newsletter

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Oficina de Clio - Newsletter

Inscreva-se na newsletter para receber em seu e-mail as novidades da Oficina de Clio!

Nous utilisons Sendinblue en tant que plateforme marketing. En soumettant ce formulaire, vous reconnaissez que les informations que vous allez fournir seront transmises à Sendinblue en sa qualité de processeur de données; et ce conformément à ses conditions générales d'utilisation.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Qual era realmente o problema do comunismo?

Tradução do interessante relato de Viktor T. Toth, profissional de TI, físico em “meio período”

Como cresci em um país comunista, a Hungria do “comunismo goulash”, me sinto inclinado a oferecer meus pensamentos, apersar do fato de que já há algumas excelentes respostas aqui [no site], como a de Dima Vorobiev. Debato comigo mesmo se posto ou não esta resposta, pois será longa, tortuosa e bastante pessoal. Todavia... talvez seja útil. Em todo caso, vocês estão avisados.

Antes de chegar aos problemas com o comunismo, permitam-me apontar as poucas coisas que eram bem feitas. Essas são as coisas que tornam um monte de pessoas nostálgicas pelo comunismo.

A Hungria do “comunismo goulash” em que nasci no início dos anos 60 não era um lugar desagradável, certamente. Os dias de terror comunista linha dura tinham passado. O regime stalinista de Rákosi tinha sido deposto em 1956, e as retaliações do regime de Kádár terminaram por volta de 1962, quando muitos prisioneiros políticos foram libertados. No tempo em que me tornara consciente do mundo ao meu redor, no jardim-de-infância, o medo não era mais um fator na vida cotidiana.

Tampouco pobreza ou privação. Não, não éramos ricos. Mas não víamos mendigos nas ruas. Até o fim dos anos 60 não era incomum ver, por exemplo, viúvas da guerra (centenas de milhares de soldados húngaros morreram, lutando principalmente do lado de Hitler na II Guerra), licenciadas pelo todo-poderoso Estado totalitário, operando barraquinhas de cigarros ou de legumes ou similares, ganhando a vida nas ruas; mas mendigos de verdade? Não me lembro de jamais ter visto algum. Nem havia filas na vida diária. Ocasionalmente, é claro, quando alguma loja de hortifruti tinha recebido um carregamento inesperado de bananas ou outras comidas de luxo. Mas se tudo que você quisesse fosse simplesmente um pão, leite, manteiga, algumas fatias de mortadela, talvez legumes da estação ou uma maçã... tudo isso era abundante, facilmente disponível até nas menores cidades.

Crimes eram raros. Você podia andar pelas ruas mal iluminadas de Budapeste até tarde da noite. Crime organizado, particularmente, não existia – minha opinião é que um regime cuja própria natureza era criminosa, para começo de conversa, não tolerava competição.

A educação pública funcionava bem. Claro, aulas de História, especialmente quando se tratava do período posterior à Revolução Industrial, era manchado com o dogma Marxista-Leninista, e por alguma razão, aulas de língua estrangeira eram fracas em todo lugar, ao menos baseado em evidência anedótica que ouvi e minha experiência pessoal, mas havia escolas, elas eram funcionais, e até o ensino superior era gratuito; ou você passava nas provas ou você estava fora, mas dinheiro não comprava um diploma.

A saúde pública funcionava. Podiam faltar equipamentos modernos e brilhantes, mas sempre que precisei de cuidados médicos, eram prontamente disponíveis. Quando eu ficava doente, ainda criança, nosso pediatra fazia consultas domiciliares. Mais tarde, eu simplesmente entrava na clínica central do 6º distrito de Budapeste se eu sentisse necessidade de consultar um especialista. Isso incluía atendimento odontológico e oftalmológico. Vacinas não eram opcionais; nós todos recebíamos as vacinas requisitadas na idade indicada na escola, sem solicitação de autorização familiar. Da mesma forma, até adultos eram obrigados a realizar exames pulmonares regularmente – assim foi eliminada a tuberculose.

Quando eu comecei a escola houve um crescimento explosivo no número de automóveis no país. Carros Lada importados da União Soviética eram parcialmente responsáveis por isso. Conseguimos nosso primeiro Lada de uma das primeiras fornadas, em 1970 ou 1971, creio -Um VAZ-2101 “Zhiguli” branco. Era um carro básico, mas um bom carro. Um confiável burro de carga. A última vez que vi aquele carro foi nos anos 90, com um novo dono, obviamente, mas ainda tinha a velha placa (aquelas velhas placas eram designadas para o carro, não para o proprietário), e ainda que gasto, funcionava.

Nossas noites frequentemente se passavam em frente a uma TV em preto-e-branco, assistindo o único canal nacional (um segundo canal, originalmente chamado o canal “a cores”, foi lançado, mas no começo tinha apenas algumas horas semanais de programação, e como transmitia em UHF, aparelhos de TV mais velhos, como o nosso, só recebiam o sinal com um adaptador externo). A programação diária, excetuando umas poucas horas de programação para as escolas durante a manhã, começava no final da tarde. O início da noite tinha documentários, talvez uma série cômica importada ou algum programa sobre atualidades. Então, às 19:15 toda criança no país com acesso a televisão assistia “Urso da TV”, um urso-fantoche muito amado, que apresentava os programas infantis noturnos: geralmente uma animação, incluindo alguns deliciosos desenhos animados poloneses e tchecoslovacos.

O telejornal principal vinha a seguir, e então um filme ou algum seriado importado, séries policiais sendo bastante populares. Eu assisti muitos episódios de Kojak, Columbo, Inspetor Maigret (da França) e outras séries com dublagem húngara (argh, dublagem! Não espanta que o ensino de línguas fosse fraco). As transmissões diárias encerravam por volta das 23:00, depois de alguma programação adicional e um segundo telejornal, mais curto. Até os anos 80 não havia transmissão de TV às segundas. Reza a lenda urbana que Kádár defendia pessoalmente que não houvesse TV às segundas, para que as pessoas passassem a noite com a família. Contudo, quando eu cumpri o serviço militar obrigatório no Exército Popular da Hungria, as noites de segunda eram oficialmente noites de cinema. Pequenas instalações usavam projetores de filme convencionais, enquanto uma base maior onde servi durante um tempo tinha sua própria programação noturna às segundas, em TV de circuito fechado.

Então... um breve registro pessoal da vida na Hungria nos anos 70, início dos 80, sob o “comunismo goulash”. Não parece ruim, parece? Então porque alguém como eu aos 23 anos iria pegar sua mala, atravessar a Cortina de Ferro, pedir reconhecimento como refugiado e tentar começar uma nova vida do zero no Ocidente?

Ah... Eu fui mimado. Terrivelmente mimado. Veja, no início dos anos 70, quando eu tinha 10 anos, minha mãe decidiu fazer a jornada de uma vida e visitar minha tia, que vivia aqui em Ottawa, Canadá, me trazendo junto.

Não foi fácil. Naquela época, viagens para o Ocidente eram estritamente controladas. Cidadãos comuns podiam viajar uma vez por ano, mas apenas se eles tivesse uma carta de convite válida de alguém como um parente, disposto a sustenta-los no exterior. A economia do país passava por uma crise monetária, então havia limites muito restritos sobre quanto dinheiro um viajante poderia trocar. E quero dizer limites realmente muito restritos; segundo me lembro, o máximo permitido a minha mãe e eu era de 30 dólares (!) para férias de seis semanas. Mas essa era apenas a questão financeira. Os pré-requisitos para obter um visto de saída eram muito restritos. Recebemos a visita de um inspetor de polícia (!) que inspecionou nossa casa e anotou nossas circunstâncias, para garantir que nós não estávamos, na verdade, planejando deixar o país para sempre. No fim, foi um processo de meses para obter um visto de saída antes mesmo de podermos começar a solicitar um visto canadense de entrada e que nossos parentes pudessem comprar nossas passagens (que, obviamente, eles tinham de comprar para nós, pois não recebemos permissão de gastos suficientes para cobrir os custos de nossa viagem).

Mas, finalmente, nós embarcamos num voo da Swissair, de Zurique para Montreal, e chegamos no Canadá em uma tarde de verão quente e úmida.

E aquilo... aquilo era como visitar um outro planeta.

A riqueza! A variedade de carros nas estradas! A variedade de comida e outros produtos nas lojas! A alta tecnologia, como calculadoras eletrônicas! Eu já era um nerd de matemática. O respeito entre as pessoas! A polidez com que você era tratado em todo lugar! Era... impressionante.

Vejam bem, é realmente isso. A vida na Hungria do “comunismo goulash” não era ruim. Era até melhor que tolerável. Mas as pessoas sabiam. Elas sabiam quão melhor podia ser a vida, se não fosse pelas restrições arbitrárias e barreiras artificiais do regime. Elas sabiam o que estava ausente das lojas.

Algumas pessoas encontraram maneiras de ultrapassar as barreiras. Pequenos empreendedores, cujos negócios floresciam dentro dos limites impostos pelo Estado comunista. Meu amigo, que realmente tinha não um, mas dois ótimos e brilhantes BMWs em sua garagem dupla, e que foi uma das primeiras pessoas na Hungria a ter um computador pessoal Commodore-64. Mas até ele teve que esperar muitos, muitos anos para que uma linha telefônica fosse instalada em sua casa; até na cidade de Budapeste (uma das primeiras cidades do mundo, por volta de 1930, a ter uma rede completamente automatizada de telefonia) linhas telefônicas levavam mais de 20 anos para serem realizadas.

Nós chamávamos a Hungria “o mais feliz dos quartéis”. Porque em muitas maneiras (incluindo as condições muito reguladas sob as quais cada um recebia permissão para deixar brevemente o paraíso socialista) ela nos lembrava a vida de soldados em serviço.

Por que o regime era tão terrível? Por que ele desperdiçava potencial humano tão deliberadamente?

Eu culpo a premissa básica da doutrina marxista. A ideia de que o “homem socialista” trabalhará sem compensação até o melhor de suas habilidades, e consumir apenas de acordo com suas necessidades, simultaneamente preocupando-se com as necessidades dos outros. A ideia de que o verdadeiro valor dos bens e serviços é determinado pela quantidade de trabalho envolvida, não pela sua necessidade e por sua escassez.

Uma vez brinquei que se essa doutrina fosse tomada literalmente, o produto de meus esforços no vaso sanitário deveria ser muito valioso, pois eu certamente me esforço bastante para produzi-lo. Embora de gosto duvidoso, esta piada ilustra perfeitamente quão ilógico e mal orientado era o dogma comunista.

Agora muitos tentarão convencer você de que o que teve lugar na Europa Oriental ou na União Soviética não era “verdadeiro” comunismo. Que ele desviara de seus princípios centrais logo no começo, ignorando os avisos de pessoas como Trotsky. Bobagem, eu digo. Quando você repete o mesmo experimento sob diferentes circunstâncias e, de novo e de novo, você obtém o mesmo resultado: um Estado policial totalitário com uma economia ineficaz, é hora de parar para pensar.

Mas talvez mais que qualquer outra coisa, os sucessos do comunismo mencionados acima mostram que esses Estados não abandonaram aqueles princípios comunistas centrais. A razão pelas quais Estados no bloco comunista normalmente tinham bons resultados em áreas como educação e saúde pública é precisamente porque essas são áreas que não podem ser medidas usando apenas estatísticas econômicas. Um sistema eficiente de saúde pública não maximiza lucros e minimiza custos; ele maximiza a saúde da população. De modo similar, um sistema educacional eficiente maximiza níveis de letramento e outros índices de escolaridade, não renda.

Infelizmente, uma sociedade saudável e vibrante exige muito mais que saúde e educação. O que talvez tenha inspirado o dito algo críptico (de origem desconhecida para mim ou para o Google) de que “o socialismo é uma coisa boa, mas numa névoa densa, tarde da noite, o capitalismo pode ser melhor”[1].

Com efeito, lembrem como o grande experimento comunista acabou, no fim, não com uma explosão, mas com um mero gemido. A Hungria abrindo suas fronteiras, em particular permitindo a fuga de cidadãos da Alemanha Oriental. A Alemanha Oriental pega despreparada, primeiro tentando restringir as viagens de seus cidadãos até para “países socialistas irmãos” e depois, apressadamente abrindo suas próprias fronteiras de maneira desordenada, levando ao colapso do Estado e à reunificação alemã. A União Soviética de Gorbachev que, depois de sua derrota no Afeganistão e seus próprios problemas internos, não tinha apetite para intervir militarmente, deixando ainda mais valentes esses Estados satélites, que silenciosa, mas rapidamente, se afastaram de ditaduras monopartidárias. Finalmente, o mal aconselhado e mal preparado golpe tentado por grupos de linha-dura, a falha do qual apressou não apenas o colapso do regime comunista, mas a imprevista fragmentação da própria União Soviética.

Aqueles tempos eram um pouco assustadores. Estavam acontecendo eventos que, em thrillers políticos da era da Guerra Fria, geralmente representavam o caminho para o Armageddon nuclear. Em vez disso, houve apenas algumas mortes, por exemplo, na Romênia e na Lituânia, mas a transição, embora rápida, foi bastante pacífica.

Duas imagens desse período permanecem em minha mente. Primeiro, os incontáveis carros da Alemanha Oriental, Wartburgs e Trabants, abandonados na Hungria, perto da fronteira com a Áustria. Seus proprietários devem ter passado anos, senão décadas, na lista de espera antes de obter esses veículos. No entanto, eles também estavam muito conscientes de que aqueles carros eram lixo sem valor no mercado livre. Eu vi isso como um símbolo: como os regimes comunistas desperdiçaram o trabalho, o talento, a criatividade e a vida das pessoas. Essa impressão foi reforçada quando apareceram imagens do protótipo do primeiro ônibus espacial soviético sendo transformado em atração de um parque de diversões, apenas para ser seguida pela visão ainda mais trágica de um hangar mal conservado desabando em cima do próprio ônibus espacial, que realizara um voo espacial não tripulado, mas que nunca tivera a chance de levar cosmonautas ao espaço.

Esse era o problema com o comunismo. É simplesmente um projeto com fundamentos falhos**[2]. Você pode remendar aqui e ali, tentando governar através da polícia secreta, jogando gente em campos de reeducação, instilando terror e um sistema ditatorial de liderança, mas nada disso consertará um sistema se sua premissa básica tiver uma falha profunda. Por outro lado, você pode manter tudo acima: a polícia secreta, os campos de prisioneiros, a ditadura monopartidária, contanto que você jogue fora a doutrina marxista defeituosa e a substitua por uma economia de mercado funcional, como foi feito na China e no Vietnã.



E isso também pode explicar porque as falhas do comunismo são rapidamente esquecidas por gente que se encontrou no lado perdedor do capitalismo frequentemente selvagem que se seguiu ao colapso soviético. De que servem lojas cheias de produtos se você não tem dinheiro para compra-los? Por que você deveria se consolar com condomínios de luxo quando você é expulso do pequeno e desconfortável apartamento onde você cresceu? Por que você deveria se impressionar com um novíssimo aparelho de ressonância magnética quando seus dentes estão apodrecendo porque você não tem meios de pagar um dentista? E se você lembra (ou sabe pela lembrança de seus pais ou avós) como era quando o direito a sua residência era garantido pelo Estado, quando a cesta básica estava sempre disponível a preços que até aqueles de menor renda podiam pagar, quando atendimento médico era realmente universal e gratuito... você não se sentiria nostálgico? Você não sentiria inclinado a ferchar os olhos para a natureza totalitária do regime que garantia tudo isso, mesmo com suas ineficiências e falhas manifestas?



No fim das contas, o que é melhor: um Tesla Roadster que você não pode comprar, ou um Zighuli desajeitado e sedento de gasolina, mas confiável, que você pode adquirir, mesmo que ele não tenha câmbio automático?






[1] Desde então eu perguntei a minha mãe sobre esse dito. Ela acredita que ouviu isso no rádio nos anos 60, em um programa de sátira política (sim, havia sátira política no “comunismo goulash”). Era uma piada envolvendo uma conversa entre dois pequenos empreendedores bem-sucedidos, óbvios beneficiários do regime. Um deles se queixa: “Você sabe, quando eu dirijo por aquela grande avenida de Budapeste em uma névoa densa, numa noite escura, eu sempre me perco. Antes da guerra, você podia identificar onde estava pelas placas de lojas conhecidas. Mas hoje? Todas as placas de lojas estatais são iguais e você nunca sabe onde está; todas as esquinas parecem iguais”. Seu amigo concorda e responde: “Sim, acho que você está certo. Porque o socialismo é uma coisa boa. Mas numa névoa densa, tarde da noite, o capitalismo é melhor”.


[2] Alguém, em uma conversa, sugeriu que sou um anticomunista juramentado. Não sou. Eu vivi sob o comunismo e não gosto dele, apenas isso. Eu hoje vivo no capitalista Canadá. Eu não sou cego às falhas desta sociedade, mas é uma sociedade incomparavelmente mais decente. Mas às vezes nós toleramos as falhas de uma sociedade fundamentalmente boa menos que aquelas de uma sociedade defeituosa desde a base. Uma outra piada me vem à cabeça, esta de um livro do imortal (não realmente; ele morreu de tifo em um batalhão de trabalho forçado em 1943, onde ele foi recrutado devido a sua ascendência judaica) Jenö Reitö, cujos romances, em sua maioria escritos nos anos 30 e muitos deles passados na Legião Estrangeira Francesa, são deliciosas leituras ainda hoje, engraçados como os de Douglas Adams. Esta piada envolve um cozinheiro gourmet que acaba em um batalhão penal, mas depois se encontra em uma base onde acontece um cambalacho colossal. Para manter os prisioneiros quietos, no entanto, eles são mantidos em conforto, o que inclui acesso a comidas luxuosas. O protagonista acaba enrascado de qualquer maneira, e quando seus amigos perguntam por que, ele responde: “Lá em Manson [cidade africana fictícia], eles apenas cozinhavam comida de má qualidade. Isso posso tolerar. Mas aqui, eles cozinham mal comida de boa qualidade, e isso é insuportável”.

Um comentário:

Renato Feio disse...

Olha, eu pensei antes de comentar, porque posso falar muita bobagem... Mas como eu sou abusado! Lá vai...

Tudo é a questão de estar "do lado certo" ou "do lado errado" nas sociedades onde o capitalismo é menos regulado, né? Talvez se eu fosse canadense visse menos defeitos no capitalismo... Não sou comunista, mas acho que entre os vários "comunismos" e os "capitalismos" é meio que "50 tons de cinza"! Completamente diferente do que rezam os fanáticos de ambos os credos. E eu ideologicamente encaixo em algum lugar do Centro mais para a esquerda nesse espectro.

Mas acho que fundamentalmente a questão do bem estar humano pode não ser bem essa. Vejo no mundo governos capitalistas e comunistas com profundas desigualdades sociais, e aí é que mora o problema. O abismo que se forma entre uma "elite dominante" e "o povo". Vemos isso que eu falo na China, em Cuba, na Rússia, no Brasil, nos EUA... Uma elite que goza tudo, e uma massa humana explorada e oprimida. No capitalismo isso gera a distorção que eu acho mais cruel que é você convencer uma pessoa que nasceu sem condições mínimas de desenvolvimento, que basta querer e se esforçar e todos aqueles "bens maravilhosos", conforto e sucesso, podem ser dela, bastando que se esforce bastante... Para mim é mais cruel que o "achatamento social" do comunismo... Enfim... Me prendo ao que ouvi uma vez da Manuela D'Ávila, pra alimentar a minha visão: "O que eu quero não é que todos sejam obrigados a ser pobres, o que eu quero é que todos possam ter as condições que eu tenho!", ou qualquer coisa parecida...

Ouvi de alguém mais esperto que eu que todos os sistemas políticos são utopias! Do Anarquismo ao Capitalismo, passando por todos os outros tons. Pois todos deixam de considerar o elemento humano como corrupto e corrompedor. O homem é o lobo do homem. Qualquer teoria econômica funcionaria se o homem fosse removido da equação.

Mas já dizia Mário Quintana: "Se as coisas são inatingíveis, ora, não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos se não fosse a mágica presença das estrelas!"

E como diria Ibrahim Sued, ademã que eu vou de leve!