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terça-feira, 28 de abril de 2020

Os insensatos do Brasil

Não há palavras que definam meu nojo quando vejo um velho jornalista afirmar quase rindo que é muito natural um presidente da República nomear como diretor-geral da Polícia Federal uma pessoa que passou o Revéillon com um de seus filhos. 

Isso é escarrar na impessoalidade da gestão republicana e zombar dos princípios constitucionais - nem PSDB, PT ou PMDB em seus piores momentos ousaram fazer algo assim. É uma imoralidade sem tamanho e uma ousadia lamentável. 

Se essa é a tal "nova política" que Bolsonaro tanto prometia, é muito pior que a "velha política" que ele tanto critica - da boca para fora, depois de três décadas mamando em suas tetas e aconchegando os filhos para mamar nas mesmas. Essa política é nova, mas fede como um velho cadáver em avançado estágio de putrefação. 

Apenas mais uma demonstração, entre tantas, de que nosso farisaico presidente é um sepulcro caiado, repleto de podridão. Se o dito jornalista acha isso muito "natural", sinto informar que a moralidade dele não está à altura da cidadania democrática e republicana. 

É triste ver o circo pegando fogo e as pessoas cegas a isso - cegas simplesmente porque se recusam a enxergar aquilo que é cada vez mais óbvio e evidente; como diz o provérbio, o pior cego é aquele que não quer ver. 

Realmente é mais fácil enganar uma pessoa que depois mostrar a ela que foi enganada. Aquele que compra gato por lebre, confrontado pela realidade, sustentará candidamente que todas as lebres miam. Prefere acatar as mentiras mais servis a admitir seu equívoco. Ocultará como puder sua frustração e até encontrará pífios argumentos para forjar para si mesmo a ilusão de satisfação. 

Eu diria ainda mais: o pior surdo é aquele que só ouve o que quer - infelizmente é assim que se comportam todas as militâncias políticas, tanto a de Lula quanto aquela de Bolsonaro. Ouvirão apenas o canto de suas sereias prediletas e ainda se rejubilarão durante o afogamento. Encontrarão justificativas para todos os defeitos de seus líderes e culpados para todos os seus erros, abusos e desmandos, mesmo os mais óbvios e até os mais graves. Buscarão méritos duvidosos para encobrir os deméritos mais flagrantes. Catarão virtudes em migalhas para satisfazer sua fome de justificação. Laboriosamente encontrarão uma agulha de lucidez num palheiro de desatinos - ou tomarão por agulha a primeira palha que encontrarem. Comprarão caro as mais baratas falácias. 

O militante fanático curvará o próprio intelecto até o solo e será capaz de degustar fezes jurando ser caviar. Porá a mão no fogo até que arda conpletamente em chamas e caia carbonizada ao chão. Se agarrá ao mastro do navio mesmo quando o naufrágio é mais que evidente. Mutilará sua consciência até a mais absoluta desfiguração. Chafurdará na lama como quem nada em águas límpidas. Venderá sua voz pelas mais ínfimas esmolas.

É terrível ver nosso país cercado e acossado por duas hordas de cegos fanáticos que se deixam conduzir por seus cegos líderes até o abismo. Infeliz é o cidadão que se entrega fervorosa e incondicionalmente nas mãos de qualquer tipo de líder e o segue passivamente como uma ovelha até o matadouro. 

A sensatez parece ter abandonado o Brasil e não mostra desejos de retornar...

"A parábola dos cegos" (1568), pintura de Pieter Bruegel. 

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