Newsletter

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Oficina de Clio - Newsletter

Inscreva-se na newsletter para receber em seu e-mail as novidades da Oficina de Clio!

Nous utilisons Sendinblue en tant que plateforme marketing. En soumettant ce formulaire, vous reconnaissez que les informations que vous allez fournir seront transmises à Sendinblue en sa qualité de processeur de données; et ce conformément à ses conditions générales d'utilisation.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"Quem se contenta" - um apólogo de Ítalo Calvino

Pequeno texto de Calvino que parece descrever muito bem as funções sociais da bilharda no Brasil... digo, do Carnaval! Que lapso!

Havia um país em que tudo era proibido.

Ora, como a única coisa não proibida era o jogo de bilharda, os súditos se reuniam em certos campos que ficavam atrás da aldeia e ali, jogando bilharda, passavam os dias.

E como as proibições tinham vindo paulatinamente, sempre por motivos justificados, não havia ninguém que pudesse reclamar ou que não soubesse se adaptar.

Passaram-se os anos. Um dia, os condestáveis viram que não havia mais razão para que tudo fosse proibido e enviaram mensageiros para a avisar os súditos que podiam fazer o que quisessem.

Os mensageiros foram àqueles lugares onde os súditos costumavam se reunir.

- Saibam - anunciaram - que nada mais é proibido.

Eles continuaram a jogar bilharda.

-Entenderam? - os mensageiros insistiram. - Vocês estão livres para fazer o que quiserem.

-Muito bem - responderam os súditos. - Nós jogamos bilharda.

Os mensageiros se empenharam em recordar-lhes quantas ocupações belas e úteis havia, às quais eles tinham se dedicado no passado e poderiam agora novamente se dedicar. Mas eles não prestavam atenção e continuavam a jogar, uma batida atrás da outra, sem nem mesmo tomar fôlego.

Vendo que as tentativas eram inúteis, os mensageiros foram contar aos condestáveis.

-Nem uma, nem duas - disseram os condestáveis. - Proibamos o jogo de bilharda.

Aí então o povo fez uma revolução e matou-os todos.

Depois, sem perder tempo, voltou a jogar bilharda.


(Ítalo Calvino, Um general na biblioteca. Companhia das Letras, 2010)

2 comentários:

Tiago Ribeiro disse...

Perfeito, Luiz. Nem pensar em tirar a bilharda do brasileiro. Educação, saúde, segurança, não tem problema, mas a bilharda...

Luiz Fabiano de Freitas Tavares disse...

O problema é a danada da bilharda!