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domingo, 17 de julho de 2022

As redes sociais estão deformando você?

Deixei de usar assiduamente as ditas "redes sociais" em janeiro de 2019; nos últimos três anos só as tenho usado esporadicamente, com finalidades muito específicas. 

Constato que a decisão me fez um bem imenso, sob muitos aspectos. Embora ainda passe mais tempo do que gostaria navegando na Internet, esse tempo se tornou muito mais fértil. Ocupo meu tempo com temas que realmente me interessam e evito as polêmicas descartáveis que mantém as redes sociais em perpétua ebulição. 

Venho percebendo que pessoas que passam muito tempo em redes sociais tendem a se tornar caricaturas de si mesmas. Costumam se tornar monomaníacas, ou talvez "oligomaníacas", excessivamente engajadas em meia dúzia de temas sobre as quais regurgitam incessantes e repetitivas catilinárias. Observo tal tendência em pessoas à minha volta e, retrospectivamente, percebo que era exatamente o tipo de comportamento ao qual eu mesmo me via condicionado.

A arquitetura das redes sociais tende a expor seus usuários a cada vez mais do mesmo, não apenas em função do modo como seus algoritmos operam, mas também pelas dinâmicas propriamente sociais que engendram. 

O excesso de comunicação propiciado pelas redes favorece a emergência de afinidades e antagonismos doentios, multiplicando interações onde os envolvidos, dia a dia, semana a semana, vão cultivando suas neuroses. Os acalorados debates com antagonistas recorrentes fazem com que muitas pessoas embarquem em verdadeiras cruzadas, ao mesmo tempo que desenvolvem uma relação algo patológica com as pessoas com cujas opiniões se afinizam, reforçando comportamentos obsessivos e, em alguma medida, compulsivos.

Para tanto contribuem também outros elementos presentes em muitos sites, blogs e serviços de Internet, como as estratégias de "link building" e SEO ("otimização para mecanismos de busca"), entre outros, sempre estimulando os usuários a uma inquietante exposição a mais do mesmo. Tendo a crer que, para muitas pessoas, isso proporcione uma quixotesca distorção da realidade, transformando moinhos de vento em gigantes - a exposição constante a determinados temas faz com que pareçam muito mais relevantes e prementes do que realmente são. 

Outro elemento que agrava essa situação é que, via de regra, esses temas obsidentes costumam estar associados a medos e receios, induzindo a variados graus de paranoia - em certo sentido, adeptos de teorias extravagantes e conspiratórias são apenas casos extremos de uma mesma patologia coletiva.

Convém ainda lembrar que essas atitudes tendem a extrapolar e extravasar para fora das redes sociais, afetando inúmeras dimensões do convívio cotidiano. Na menos pior das hipóteses, tais comportamentos se tornam uma amolação para as pessoas à volta daqueles que se deixam enredar nessas verdadeiras armadilhas emocionais e cognitivas. Nos piores casos, emergem desavenças desnecessárias e até rupturas com conhecidos, amigos e familiares. 

Com tudo isso, não quero convencer ninguém a abandonar as redes sociais; empregadas com moderação e consciência, elas podem ser úteis, divertidas e saudáveis. Fica aqui apenas o convite à reflexão de cada um sobre o modo com que lida com essas tecnologias e de que maneira se vê afetado por elas. 


 



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