Newsletter

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Oficina de Clio - Newsletter

Inscreva-se na newsletter para receber em seu e-mail as novidades da Oficina de Clio!

Nous utilisons Sendinblue en tant que plateforme marketing. En soumettant ce formulaire, vous reconnaissez que les informations que vous allez fournir seront transmises à Sendinblue en sa qualité de processeur de données; et ce conformément à ses conditions générales d'utilisation.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Jerusalém Libertada

 Hoje tive um sonho.


Sonhei contigo, Jerusalém, "três vezes santa": santa para judeus, santa para cristãos, santa para muçulmanos. Santa para todos os povos de Abraão.

Jerusalém sofredora, Jerusalém atormentada. Três vezes santa, três vezes desejada, muitas e muitas vezes disputada!

Jerusalém, Jerusalém, quanto sangue já correu, corre e ainda correrá por ti! Quantas lágrimas vertidas, quanto ranger de dentes, quanto bater de espadas!

Até quando, Jerusalém, os povos de Abraão lutarão por ti? Até quando, três vezes santa Jerusalém, serás pedra de tropeço para aqueles que dizem te amar?

Embriagados pelo vinho da ira, sorvido em poluídos cálices, teus pretendentes te cortejam violentamente, tomando por amor aquilo que não passa de vulgar paixão. Te idolatram, pensando te adorar. Pois, infelizmente, Jerusalém, te tornaste ídolo no coração daqueles que julgam te amar - e é como idólatras sanguinários que te disputam.

Antes de Abraão e seus herdeiros eras Salém, reino do misterioso Melquisedec. Generoso, hospitaleiro Melquisedec, que acolheu Abraão fatigado dos combates.

Abraão foi teu hóspede, jamais teu dono, Jeru-Salém, cidade, antes de tudo, hospitaleira. Acolheste em teu seio a Arca daquela Aliança que diz: "Não matarás".

Quão iludidos estão aqueles que se entrematam em teu nome! Aqueles que deveriam te santificar, te profanam, derramando sangue sobre o solo de Melquisedec.

Onde estás, onde estás, Jerusalém? Estás nos céus ou estás na terra? Em todo lugar ou lugar nenhum? Estás, antes de tudo, nos corações de todos aqueles que amam?

Que podes significar, Jerusalém, de mais nobre, digno e elevado, senão o Amor?

Todos aqueles que amam, hospitaleira Jerusalém, acolhem a ti, no fundo de seus corações e almas. Te acolhem e te possuem, em Espírito e Verdade! Pois és mais que pedra, és um sonho, um ideal, tantas vezes destruído, pisoteado, aviltado. Em Espírito e Verdade te encontras em toda parte, como disse o galileu à samaritana.

Aprisionada choras, Jerusalém, mas venho oferecer-te consolo.

Sonhei contigo, Jerusalém, como sonham os profetas, os visionários e os poetas. Sonhei como sonham os esperançosos, aqueles que teimam em sonhar!

Em meu sonho, Jerusalém, todos aqueles que se matam por ti depuseram as armas. Os povos de Abraão finalmente se entendiam como irmãos, após séculos de encarniçado ódio. Ismael e Isaac se estreitavam em infinito abraço; Caim, Abel e Set partilhavam o banquete da paz. Moisés, Jesus e Maomé sorriam.

E depondo suas armas, te libertavam do cruel jugo em que tanto sofres. Amando uns aos outros, te libertavam. Renunciando a toda paixão possessiva, se encontravam juntos sob a reluzente tenda de Melquisedec.

Mais uma vez eras Salém, a simples, humilde e hospitaleira Salém. Rejuvenescida, revigorada, renovada, resplandecias para todos os povos da Terra, como sonhava Salomão. Todos aqueles que amam se encontravam em ti, em Espírito e Verdade.

Salém, três vezes santa, muitas vezes santa, acolhias crentes e descrentes. Tua luminosa tenda era um santuário de paz, um sagrado recinto onde ninguém ousaria derramar o sangue do irmão.

Mais uma vez governada pelo sábio, misterioso Melquisedec, acolhias todos aqueles fatigados das guerras, dos prantos e do ranger de dentes.

Sob o cetro de Melquisedec, a amorosa e zelosa hospitalidade se tornava tua primeira e única lei. Eras verdadeira e plenamente a Terra Prometida, onde não mais se ouviam os ecos das espadas, lanças, flechas ou canhões. Soava apenas um silencioso cântico de paz, murmurado em cada coração.

Sonho acordado, bem sei, Jerusalém. Mas o sonho é irmão da esperança, e a esperança é mãe de milagres.

Segundo a segundo, minuto a minuto, dia a dia, se aproxima o dia de tua libertação, Jerusalém...

Inspirado pela Águia de Patmos e por Victor Hugo; dedicado a Priscila, minha Sara

Encontro de Melquisedec e Abraão; pintura atribuída a Peter Paul Rubens (séc. XVII)


Nenhum comentário: