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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A verdade sobre Hitler

Saindo hoje de minha escola chamei um táxi. O motorista, muito simpático, indagou se era professor e que disciplina lecionava. Quando respondi que leciono História ele disse adorar o tema e disparou uma pergunta a queima-roupa:

"Hitler morreu no bunker ou não?"

Um tanto ressabiado, respondi que, ao que tudo indica, sim, Hitler morreu em um bunker. "Isso é o que quase todo mundo pensa", retrucou o taxista, em tom sapiencial, logo encetando uma verdadeira aula sobre o tema.

Resumidamente, Hitler teria fugido através de uma passagem secreta e fugido de submarino (!) para a Argentina, tendo antes passado pela Sardenha e pela Espanha, onde teria sido temporariamente abrigado pelo regime franquista.

Um tanto constrangido, comentei que há muito tempo circulam boatos sobre uma possível fuga de Hitler para a América do Sul, ao que o motorista atalhou bruscamente - não se tratava de rumor, mas de puríssima verdade comprovada por uma série de documentários do History Channel.

Fui a seguir bombardeado por uma série de fatos bombásticos revelados pelas séries do canal. 

Os nazistas desenvolveram a bomba atômica, mas, por razões desconhecidas, não chegaram a utilizar na guerra; trazida para a Argentina (no submarino?), os nazistas refugiados na América do Sul intentavam lançar a bomba da Colômbia a Nova York, mas foram impedidos pela CIA. 

Hitler era um ocultista e enviou expedições em busca de poderosas relíquias como a Arca da Aliança (como bem sabia Indiana Jones). 

A Coca-Cola é fabricada com cocaína traficada diretamente da Bolívia (sem nenhuma relação aparente com o nazismo).

Etc etc etc.

Percebendo que nenhum argumento poderia sequer contradizer as comprovadíssimas revelações dos peritos do History Channel, me resignei a ouvir em silêncio; conter o riso já era em si um esforço colossal.

Embora cômica, a experiência foi um tanto inquietante. É perturbador perceber o modo como um verdadeiro bombardeio de informações inverossímeis e sensacionalistas leva uma pessoa articulada, escolarizada e (aparentemente) sã a crer, com imperturbável convicção, nas coisas mais estapafúrdias. Como educador, me pergunto o que podemos fazer para combater efetivamente esse pernicioso estado de coisas. Valei-nos, São Sócrates de Atenas!




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